Como seria de prever o título mundial de Jeff Hubbard confundiu muito boa gente, que já tinham a taça por entregue ante factum a Ryan Hardy. Estavam habituados a considerar Jeff como um dos melhores e a apreciar o seu bodyboard, mas apenas como acompanhamento, uma especiaria que dava mais côr e sabor ás coisas. Quando foram obrigados a come-lo como prato principal a indigestão começou, e com ela o abuso. Os indícios estavam já ha algum tempo visíveis, quando o interrogavam sobre o material que usava e se não ponderava o seu estilo de bodyboard. Bolas, o rapaz é capaz de ser dos melhores exemplos de bodyboarder que temos para apresentar ao mundo. Tentar encontrar defeitos no bodyboarder mais radical do planeta e um dos que mais tem puxado os limites desta prancha ao centímetro foi um facto quase surreal mas que foi estranhamente assimilado com naturalidade.
Mas depois de ser coroado campeão do mundo as coisas tomaram novas proporções com uma campanha para deslegitimar o seu titulo. A "opinião publica" e os interesses instalados trataram de se pronunciar e da forma mais vulgar que pode existir. O seu efeito pernicioso é , e já o disse neste local, de criar lugares comuns, aos quais as pessoas recorrem sem sequer pensar. Afinal quem tem medo de Jeff Hubbard? Foi bem comentada a rivalidade competitiva entre havaianos e aussies neste inverno no Hawai, mas a questão principal prende-se - como sempre - na diferença. Numa revista Australiana numa reportagem sobre Jeff , o bodyboarder Jose Marquina referia que se Hubb usasse material diferente ganharia o peer pool. A polémica que se gerou em torno desta declaração so vem dar força ao argumento de que realmente o estilo de Jeff é primariamente conotado com o material. Ele é o miúdo das pranchas estranhas, largas e coloridas e dos pés de pato compridos. Totalmente fora de moda.
A hipnoterapia como diria Huxley n'o admirável mundo novo, que é de certa forma o nosso mundo, é como uma frase, que repetida um nr de vezes suficiente transforma-se numa evidência. Um voo descomunal de Jeff é para algumas pessoas a evidencia do seu mau estilo. No meu tempo deixar a praia de boca aberta e voar acima de todos era fazer as coisas com estilo, mas nos tempos que correm isso é tudo muito mais complicado. Este ano e para fazer gestão de danos a sua imagem, numa operação de charme Jeff tratou de viajar para a Austrália e fazer lá uma grande viagem para recolha de imagens. Naquele que é também o maior mercado e tem os média mais poderosos. O seu patrocinador de pranchas também decidiu deslocar-se para a fabrica "do costume".
Gonçalo M. Tavares dizia que um organismo por definição não tem tamanho mas fome, ora também as pessoas por vezes são a medida das suas ambições e luta. E Jeff teve nestes últimos anos mais fome que todos os seus conterrâneos, teve a fome deles todos. Nos EUA e provavelmente no mundo ninguém trabalhou ou teve o profissionalismo que ele demonstrou. Fosse reportagens, campeonatos ou apenas treinos ele esteve sempre lá. Mas neste inicio do ano competitivo os palpites coincidem quase sempre com o lançamento dos filmes e o protagonismo dos seus actores do costume. Eu, por mim prefiro esperar para ver.
Façam as suas apostas meus senhores, o ano vai começar.
Publicado na Vertmag n.º 79
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