Quando penso na falta de organização efectiva no bodyboard penso nas primeiras gerações do desporto em portugal, penso nas pessoas que poderiam ter tido uma palavra activa na direcçao do desporto. Quase ninguém resta dessa geração em posições de destaque no desporto, seja em que campo for, ou simplesmente a pensar o desporto, a passar a experiência e cultura aos mais novos. Os que ficaram foi por ingenuidade. A maioria não soube aproveitar a liberdade que era estar num desporto que nasce.
Como qualquer geração sem pontos de referência foi uma geração perdida. Sem rumo, divagante.. autofágica. Perderam-se a reclamar da falta de patrocinios, de apoios, de associações, do nome, da imagem, da nova geração, das manobras, da dificuldade, dos campeonatos, das ondas, a comprar longboards e em desavenças internas.. lutas e políticas, demasiadas opiniões. A desistir da sensação de ver as ondas quebrar as 7 da manha azul ligeiramente penteadas pelo vento leste ou um pôr do sol em ondas de vidro, a agua como oleo cortada pelo rail da prancha e os amigos... ; A desistir, pois como diz o Mario Benedetti não há esquecimento, "é um grande simulacro/ninguém sabe nem pode/(...)abarrotado de fantasmas".
Entretanto na mesma geração do "outro" desporto iam abrindo surfshops, escolas, revistas, distribuições, organizaçoes de eventos... iam-se tornando cada vez mais dessa máquina que se move pelo dinheiro, tornando-se as roldanas e os eixos. Indicaram-lhes o caminho.
Mas o que se perdeu em organização e economia ganhou-se em pureza original. Os que ficaram fizeram-no pela razão certa. O bodyboard continua a ser (independentemente da idade) um bando de miúdos que querem fazer uns tubos.
Sem comentários:
Enviar um comentário