racismo e o bodyboard


já vamos longe do tempo em que Daniel kaimi, polinésio de gema e primeiro campeão do mundo de booguie foi convidado a não participar mais no campeonato da morey, segundo as suas proprias palavras por ser escuro, mas o bodyboard hoje em dia continua a parecer um grande clube de meninos loiros e pele albina. Oficialmente não há nenhuma discrimininação neste desporto, nem nunca houve. Mas o que está à vista de todos é a enorme diferenciação de raça que existe neste como em outros desportos. Que me consiga lembrar de ver um preto a fazer bodyboard só Max Mariane que era das ilhas Reunião e asiáticos nenhum.

Os melhores patrocínios continuam a ir para aquele que tem uma imagem bem clean do ponto de vista racial, de preferência que preencha o modelo de beleza vigente, amplamente difundido pelos meios de comunicação no mundo. Nada mais humano, lembro-me de ver na superinteressante um estudo cientifico em que se provava que as pessoas mais bonitas tinham melhores probabilidades de subir na carreira. No surf feminino acontece algo semelhante, as miudas menos favorecidas pelos genes, tenham o talento que tiverem, são postas de parte porque não interessam à industria de surfwear que no fundo quer modelos para as suas publicidades.

Em portugal temos um pretinho que é um dos melhores bodyboarders no mundo para a sua idade. Tanto que apesar da sua tenra idade já tem um pro model e é a imagem da sniper em portugal. É o Gonçalo Campos e é da mesma geração de um Pierre Costes. Seria lindo vê-lo daqui a uns anos lutar pelo titulo mundial. Mais que nao fosse para dar alguma côr.

3 comentários:

Pedro Arruda disse...

duas das minhas primeiras grandes referencias nas ondas foram o Haole Reeves e o Kainoa McGee, ambos bem "escurinhos", mas no fundo acho que o problema do racismo nas ondas é mais uma questão da sociologia de cada país e da demografia, o brasil é nesse aspecto um caso paradigmático, os EUA e o Hawaii incluido é um país racista por natureza, infelizmente...

quanto ao surf feminino não estou totalmente de acordo, no CT feminino tens muitas miudas que não são propriamente modelos, mas que "partem a loiça toda"

quanto a Portugal acho que estamos a chegar lá, não vão tadar a aparecer os Nelsons Evora, os Obikwelos e outros do Bodyboard e surf português, eu por mim nacionalizava já o Nuande Pekel e o tinguinha Lima...

abraço

hugo m. disse...

claro pedro concordo com a analise sociologica. Um bom exemplo por ser extremo é a africa do sul, onde so saiem booguies e surfers brancos, num país de pretos. A verdade é que este é um desporto elitista e acarinhado como tal(a questao do "estilo" de andar com uma prancha debaixo do braço, de vestir surfwear etc) e não deveria ser. Vivemos por mais que o tentem escamotear numa sociedade de classes e como tal com actividades de status. Lembras-te do frisson que causou o tiger williams? Uma boa solução seria ter alguem preto a lutar pelo titulo, alguem que inspirasse quem também vê tudo isto "como um desporto para brancos e betos"

Anónimo disse...

permitam-me opinar.

acho sinceramente que a raça africana (a.k.a. pretos) tem uma qualquer predisposição genetica que lhe permite funcionar mais em harmonia com o seu próprio corpo. e isto não será racismo, porque somos todos diferentes, e será ingenuo dizer que somos todos iguais. no fundo, somos todos castanhos, apenas de varios tons.


vejam-se desportos como o atletismo( dos 100m à maratona, passando por outras disciplinas), onde o desgaste fisico, força, resistência e ritmo sao levados ao limite.

veja-se ainda de outra perspectiva, cultural: a aptidão para o ritmo musical e para a dança. só quem nunca viu nao sabe da facilidade de qualquer "preto" em apanhar o ritmo e partir qualquer pista de dança ou festa de bairro.

agora, dadas estas duas premissas (aptidao para o desporto e para a expressão corporal), porque é que não triunfam em certos desportos, como a ginastica? ou bodyboard e surf?

parece me em parte certo apontar razões discriminatorias, no sentido em que os patrocinios estao muito ligados à rede de contactos que se tem e desenvolve, e que é mais dificil um atleta oriundo de um meio social inferior subir na escada social, seja na escola, seja na praia, infelizmente.

mas parece me mais por razoes económicas e culturais, no sentido em que a(s) comunidade(s) de raiz africana teem outros modelos a seguir, nomeadamente dada a influencia da cultura hip hop, ou noutro lado do espectro, estao concentrados demais em trabalhar para pagar cursos universitarios, sem tempo para actividades marcadamente ociosas como "ir à praia fazer umas ondas".

e no entanto, temos casos como o pekel, no surf (apenas porque acho um caso de "insucesso" muito mais gritante do que o do pitaça, que está bem lançado), que surfa incrivelmente bem, e não aparece no mapa, talvez apenas porque não quer, ou porque ninguem tem coragem de pegar nele e dele fazer um campeao nacional, como fizeram com o justin assim que chegou a portugal. talento desmedido ( e muito superior ao local) em ambos os casos, mas enquanto um ganhou tudo e todos, outro não.

prefiro pensar que foi porque não quiz.