penitências

Uma das caracteristicas mais interessantes da especie humana é a sua individualidade. É certo que em outros animais existem caracteristicas "pessoais" que até certo ponto se manifestam, mas nenhuma com contornos tão vincados como no ser humano. O que nos distingue dos demais é no fundo "a consciencia de si" , já que biologicamente não há diferenças significativas.

Esta capacidade é, voltando ao inicio do texto, o que nos possibilita adquirir signos e comportamentos que definem o que vulgarmente chamamos de "personalidade". Termos consciencia do nosso ser enquanto unidade individual é termos também a noção de nós próprios como entidade autónoma e separada dos outros. Por isso a "pessoalidade" é um aspecto tão valorizado internamente e externamente pelos que nos rodeiam. Por ser a marca indelével da diferença, da inteligência e da alma.

Mas a questão da busca pela diferenciação não se fica por aqui. Nem se fica pelo indivíduo. Por toda a parte temos exemplos atabalhoados das consequências perversas da afirmação da diferença. A mais obvia de todas - e cómica - é a presunção. Existem, todavias outras mais sérias. A face mais visível são os tribalismos, ou num plano mais alargado, os nacionalismos. De facto não raras vezes diversos indivíduos juntam-se em torno de um signo concreto ou fictício, para afirmarem as suas características únicas e tragicamente, as "superiores".

"Eu sou homem e nada do que é humano me é estranho", dizia o romano terêncio, é um lema universal que a maioria das pessoas prefere ignorar fechado em fronteiras ficcionais. Quem de nós nunca "estranhou" determinados comportamentos e pessoas. Quem nunca inferiorizou o companheiro do lado. As classes sociais, as modas, as raças, as regiões, todo o exclusivismo e, helas, também o desporto.

Na falta de um sentido para a vida, procuramos desesperadamente essa razão nas nossas escolhas e características.

Por isso da proxima vez que alguém vos jurar a pés juntos que é unico e especial desconfiem. Do que faz, da maneira que o faz, ou o que pensa ou por onde anda. Desconfiem. Que apenas ele "knows the feeling". Está provavelmente apenas a querer ser o que todos pretendem.

3 comentários:

Pedro disse...

os "Team" qq coisa.também são uma busca para serem aquilo q os outros pretendem?!?!?! essa classe tambem está englobada nessa historia??

Anónimo disse...

Permite-me que, neste dia de temporal, te diga que conscientemente ou inconscientemente fazes parte de uma ditadura editorial. Digo-te isto sem qualquer intenção de ofensa nem provocação. Se quiseres entende-o apenas como divergência ideologica (perguntaram alguns o que é que isso terá a ver o o BB...).
Passo a explicar: A ditadura editorial vigente tende a apresentar-se como representante da totalidade da comunidade BB portuguesa na sua pluridimensionalidade, enquanto que na realidade apenas representa um dos lados da mesma, na verdade o lado ligado ao mercado e que tem como objectivo a exploração do bb como objecto de consumo, sob a forma de marcas, interesses de marketing, campeonatos e tudo aquilo que faz parte do mercatilismo que visa apenas fazer dinheiro. São constantes as alusões a estas situações no pasquim desportivo que incessantemente e ao longo dos anos tem minado a mentalidade dos seus leitores.
Ao contrario do que possas pensar existe uma dimensão de praticantes de bb que não se reveêm minimamente na visão atarracada que esse pasquim desportivo veicula e que infelizmente influência a grande maioria com o objectivo único de os transformar em consumidores. Como te referi existe um grupo (ainda que minoritário, mas em gradual crescimento) que olham para o BB, e já agora para o surf, com outros olhos e por isso ao longo do seu percurso tendem a descobrir outras realidades não tão imediatas e que não têm qualquer utilidade em termos comerciais. Uma vez que fazes parte desse pasquim como colaborador atreve-te a propor escrever algo que saia fora dos interesses comerciais ou da sua lógica unidimênsional e fundamentalista. Verás que certamente te será negada e censurada essa possibilidade.
Como te dise, sem qualquer intenção de ofensa ou provocação, faz do teu blog e das tuas escritas aquilo que entenderes. Pelo menos aqui pela net ainda não existe um lápis azul pidesco.

Atenciosamente.

Anónimo disse...

De modo a que não seja usado o argumento fácil de que quem pensa como eu é contra todo e qualquer meio de divulgação refiro o The surfers Journal e o site kurungabaa.net como alguns pontos de referencia que considero de alguma forma acrescentarem alguma mais valia à realidade das ondas contribuindo igualmente para uma certa evolução de mentalidades.