
Da necessidade de um mito fundador
os mitos fundadores são fenómenos curiosos, primeiro como o nome indica de serem mitos, e depois a necessidade de serem mitos. A resposta a estas duas premissas é simples e prende-se com o facto da função de um mito fundador ser a de criar uma identidade imaginária, de criar união ou de criar afirmação. A primeira tarefa da historiografia moderna foi a precisamente estabelecer essas raízes fundacionais. Ninguém se interroga por exemplo porque é que os portugueses são os "lusitanos" ou os timorenses o "povo maubere". Porque assim foi estabelecido e porque cumpria a sua função. A verdade aqui não é substituta de um eufemismo romanceável e ninguém quer saber que os lusitanos tenham sido mais espanhois que portugueses ou os mauberes não existam e sejam um amontoado de tribos tão indonésias como as outras. É incrivelmente humano a necessidade de estabelecer uma identidade gregaria e simbolica que justifique a sua posição no presente. Agora, imaginemos que se descobria que os primeiros "surfistas" andavam nas ondas deitados ou sentados? que seria mais bodyboard ou kayak que propriamente surfe. Mas isso, não interessa a ninguém, especialmente ao surfocentrismo.


Havia uma historia obviamente falsa que corria oralmente a até por algumas revistas, de que o bodyboard nascera de uma prancha de surfe partida. Por mais ridícula que fosse cheguei a ver desmentidos até na wikipedia. Este "rebaixamento fundador" foi sempre tão forte como o do mito, e o género de tactica usada pelos nossos primos para legitimar o inlegitimavel: que sao melhores que os outros. Para esses apenas tenho a dizer que o mais provavél, é o surfe apenas ser uma prancha de bodyboard mais comprida.

E nós simplesmente estamo-nos nas tintas para isso.
1 comentário:
Aplauso.
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