O fim da estação faz-se nestes dias abafados, sem vento e parados como interlúdios do clima que esteve e o que vem aí. O fim da estação faz-se sobre o som do trovões como tambores que anunciam outros dias, novos dias, diferentes. Tal como as festas que agora terminam existem outras dimensões lúdicas que se perdem, e outras.. (o que a maioria das pessoas não sabe), ganham-se.
Agora esta peça pequena e tristemente bela de vergílio Ferreira que encontrei algures pela blogosfera:
«Agora a praia está deserta. Os últimos banhistas subiram a longa escadaria, desapareceram há dias atrás da falésia. E estranha, uma melancolia cresce como erva, deixa um rasto nas coisas. Memória do que morreu, subtil, do que vibrou - e a indiferença da terra, da luz. Do mar. Ou talvez que tudo nasça da certeza do meu fim. (...) Ao longo da praia o mar bate na areia em breves ondas de espuma. É um mar de brinquedo e as crianças sabem-no. Metem-se com ele como com um cão velho, ele deixa - de quando estou a falar? Os últimos banhistas desapareceram atrás das arribas, agora estou só. (...) Depois, o silêncio a toda a extensão da areia, alguns bancos, a estacaria dos toldos ao sol, é o fim da estação.»
2 comentários:
E nada de vir ondas.. zz
"O mar bate na areia em breves ondas de espuma. É um mar de brinquedo e as crianças sabem-no..."
(Vergílio Ferreira)
"Isto está bonito de ver mas estamos todos aqui na areia, tranquilos. Quando isto começar lá dentro vai ser muito mais engraçado..."
(Manuel Centeno; Special Edition 2007)
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