um passo atrás para dois à frente

A campanha anti Sintra pro teve hoje o seu momento alto com a degradação inenarrável das condições do mar. É uma pena, pois chega a ser comovente o empenho de toda a gente envolvida, atletas, organizadores, IBA e toda a equipa para que as coisas corram o melhor possível. No entanto o sancionamento do campeonato pela comunidade depende demasiado da sorte e da ventura dos elementos.

Existem muitos factores a concorrer para que haja sempre lugar para as criticas. Felizmente o sucesso do campeonato depende de outros factores mas em certos momentos como o heat hoje entre o Ben Player e o David Winchester, dois dos melhores executantes do mundo que mal um rolo conseguiam concretizar obrigam-me a passar para o outro lado das trincheiras. Aquele heat não deveria ter acontecido. Foi constrangedor. Nunca num grandslam.

Ao contrário do que se diz, não se trata do tamanho das ondas, o mundial de sintra tem sempre dias com bastante ondulação. Nem sequer da força das ondas, basta dizer que hoje os competidores fartaram de se queixar da dificuldade que era passar para o outside. É a formação. Tem dias que é má, seja pela direcção da ondulação, da maré, pelos fundos ou tudo junto, mas muito má.

A verdade é que isto não aproveita a ninguém, mesmo aos mais acérrimos opositores que julgam ganharem argumentos. Porque Sintra é necessária e extremamente positiva para o desporto. É uma lança nos media e na representação que a sociedade faz do desporto. E porque no fundo a escolha é entre Sintra ou nada. Existem algumas correntes iludidas que insistem em colocar alternativas mais ou menos fantasiosas de lugares onde se poderia organizar o campeonato em vez da Praia Grande. Nada indica que estas propostas possam ter o mínimo de consistência, antes pelo contrário.

Mas nada disto escamoteia o facto do campeonato ter lacunas estruturais significativas. É um bom espéctaculo? sim. Ambiente? memorável. Diversão? garantida. Mas não obstante metade dos competidores parece que está lá obrigada, um número significativo decide saltar fora e nas caixas de comentários sucede-se a chacota e a indignação.

Mas se o Sintra pro é um grand slam sofrível seria pelo contrário um qualifying excelente. Porventura o melhor qualifying do mundo. São as expectativas no fundo que matam à partida o campeonato. Tivesse um estatuto semelhante digamos a um US OPEN, sem implicações na classificação mas com relevância de topo a nível de  estrutura, público, prize money e o assumisse por completo, o êxito poderia ser superior ao actual. O mesmo retorno a nível de sponsors e um envolvimento superior com a comunidade. Um passo atrás para dois à frente?


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