ler

Que bom que seria acordar um dia e em vez das dezenas de clips novos (a maioria bastante bons mas não é disso que se trata) pelos sites de bodyboard, encontrasse noticias com cabeça tronco e membros. Sei lá, alguma coisa para ler em vez de ser bombardeado olhos dentro com estímulos visuais. É que passado algum tempo um tipo fica dormente e indiferente. Não sei se alguém já reparou nisso mas um texto bem feito sobre um atleta é o novo "filme de bodyboard". Querem um exemplo?

http://www.redbulletin.com/int/en/sports/andre-botha-dre-20

velocidade II

A velocidade é um factor por vezes desprezado na avaliação que se faz a um bodyboarder. Antes de mais lembremo-nos que o bodyboard é um desporto onde vamos deitados numa prancha, corpo em contacto com a onda. A margem de manobra para criar velocidade é bastante reduzida e por isso reduzida a duas coisas, a força da onda e o equilíbrio do atleta. Aqui não há velas, pernas ou cavalgadas, só um potencial de energia fornecido pela onda e a tua capacidade de reduzir o atrito levantando se for preciso até os cabelos das costas.

Lembro-me num dos vianapros em que vi o mike stewart pela primeira vez ao vivo, e aquilo que me marcou, o que me pôs de boca aberta foi a velocidade que ele conseguia imprimir numa onda. Velocidade é ao contrário do que se pensa, técnica pura em movimento e o joe clarke aqui no video é um excelente exemplo de alguém com uma técnica superior. Ele é um tipo alto e pesado mas parece estar constantemente a acelerar por todas as secções. A constante tensão que imprime na prancha e os infinitos micro ajustes de equilíbrio que faz durante a onda são por demais evidentes de que estamos perante um dos melhores do mundo. E tudo isto mantendo o estilo e controle de secção para secção. Parece fácil? tás tão enganado..

 Custom X - Joe Clarke South Coast from Limited Edition on Vimeo.

Velocidade I

Dizia woody allen que a vantagem de ser inteligente é que podemos fingir que somos imbecis enquanto o contrário já é impossível. Quando acho que em determinadas situações o bodyboard carece de velocidade, costumo-me lembrar do bodysurf, para me aperceber do pequeno milagre que algumas pessoas conseguem realizar em cima da pranchinha. Por outro lado quem goste das linhas e imersão que o bodysurf proporciona, basta pôr o travão a fundo.


obrigado IBA

A IBA acabou por cancelar o Fronton pro, a etapa terminal do tour (diga-se de passagem a melhor), por razões estritamente financeiras.

Depois de dois anos a investir forte do mundial de bodyboard, a empresa não teve o retorno esperado e ao que parece teve de refrear o investimento próprio.

As pessoas na generalidade reagiram mal, histericamente, acusando a iba de incompetência entre muitas outras coisas. Como um toxico-dependente que na falta de produto culpa o dealer pela privação. 

Depois de 2 anos alucinantes com provas nos melhores locais do mundo, bons webcasts, e performances avassaladoras a travagem talvez tenha sido demasiado brusca. A gestão de expectativas, talvez onde a IBA tenha realmente falhado, ficou arrasada. Parece pueril mas os "sentimentos" dos fãs é um dos items a ter em conta na organização deste tipo de eventos. Assim, talvez seja melhor prometer pouco e cumprir.

O que fica? além desses anos "de sonho" pagos pelos investidores da IBA, um circuíto este ano com paragens em Pipe, Arica Itacoatiara, e Nuggen. Para mim, que conheci já dispares realidades como o nem sequer haver um circuito, ao tour da GOB, este continua de sonho. Para o ano podem fazer igual.

É apenas um pouco tarde


Calma, não é o fim do mundo, nem o fim do bodyboard. O tom dramático entende-se, eu sei, andei por lá e é como empurrar um camião tir por um monte acima, mas é exagerado.

A competição em portugal nos últimos tempos ressentiu-se de uma conjuntura que afecta até as necessidades mais básicas dos cidadãos: a pior crise económica dos últimos 70 anos. Devido a isto o circuito nacional diminuiu de qualidade sim, perdeu charme e valências. O valor do título contudo, continua exactamente o mesmo na bolsa dos sonhos e ambições dos atletas.

Mas os campeonatos são apenas uma parte infima do nosso desporto. Ironicamente a que consome mais recursos e expectativas. Um campeonato está sempre inacabado, há sempre um prize-money a subir, uma praia melhor ou um julgamento mais criterioso. Um webcast nunca é perfeito e há sempre um desporto melhor dotado que nos estraga o prazer. Nada gera tanta frustração como a competição.

No outro extremo está algo como esta galeria publicada na Vert. Um pico como o reef a ser completamente dominado por bodyboarders deixa-nos desarmados, sem defeitos nenhuns a apontar. É maravilhoso ver o bodyboard português a amadurecer numa das melhores sessões do ano e o nível claramente a ser puxado para novos patamares. E a divertirem-se ao mesmo tempo, os trastes.

Deveria ser o suficiente para equilibrar a balança. O freesurf português sempre foi uma grande fonte de alegrias para o bodyboard nacional e acredito que o será muito mais no futuro. Foi através dele que o nível vem paulatinamente subindo, que nos vieram grandes atletas ou que limites foram quebrados. Outros países já compreenderam isso, mas no nosso, demasiadamente viciado em resultados e rankings, está a demorar. Mas como dizia o outro "o melhor está para vir".