respeitos
Ultimamente o virus do localismo tem-se alastrado de forma contundente e assumido outros contornos mais sofisticados à medida que atinge pessoas também mais sérias. Desta vez vestido em roupagens do "soul" e do "respeito" o mesmo instinto básico de ter mais do que os outros manifesta-se de formas cada vez mais excêntricas e por isso também mais irritantes. A último episódio desta saga dos veneráveis homens do mar foi fazer chegar a uma revista de ondas uma lista com exigências que o mundo deve seguir strictu senso. Foi de um grupo auto intitulado república dos coxos (não devem ter ido ao dicionário ver o significado da palavra res publica) que estabelece desde logo que uma certa praia é coutada privada de amigos muito ao género de clube de cavalheiros onde só se entra por convite. Esperemos agora que esta iniciativa louvável de homens adultos produza resultados e apareçam outras "repúblicas". Desde já o potencial toponímico é imenso, imaginemos a república da azarujinha, ou a república dos cagalhotos. Os benefícios esses serão visiveis e imediatos para todos, talvez menos para aqueles que não querem ser donos de algo que é da humanidade. Mas desses não reza (esta) história.
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16 comentários:
A atrasadice mental é também ela "res publica". Enfim, coxos...mentais.
bonitas fotos,saludos....
Informação à Navegação:
Este Homem do Mar, não têm qualquer responsabilidade na elaboração do tal Manifesto da tal Républica atribuido aos homens do mar com vertente soul por este blogger. A tentativa de ligação sugere uma má vontade dolosa por parte do autor deste blog.
Apesar das minhas ideias consideradas pouco "ortodoxas e totalmente útopicas" rego-me por uma ordem de valores diferente da que consta neste post e também por uma ordem de valores diferente da do autor deste blog.
A minha indignação é contra a exploração comercial das Ondas, contra a sua exposição mediatica como o objectivo único de serviram de instrumento financeiro. As minhas oposição são contra a total imposição de uma lógica comercial que esconde e destroi a vertente Soul do acto de correr vagas de Mar.
Em relação ás tais regras de conduta, falta claramente referir algo essencial e que está na causa do eventual problema que se passa na tal replública: o excesso de exposição mediática que atrai cada vez mais gente para o tal lugar de forma generalizada.
Posto isto e caso fosse este homem do mar a redigir o tal condigo de conduta substituiria grande parte das tais regras apenas por duas:
1)Pede-se aos visitantes que não fotografem nem divulguem esta Onda. Qualquer fotografo profissional receberá ordem de expulsão.
2) Visitantes respeitadores e sem intenção de dominar o pico serão bem recebidos. O Mar é de todos e por isso também pertence a quem nesta república faz diariamente a sua vida.
Esta duas "regras" aplicam-se bem a qualquer Onda, praia ou lugar em qualquer parte parte do mundo e certamente iriam contribuir para a dimuição dos problemas violentos que hoje se verificam por todo o mundo, especialmente naqueles onda a exposiçaõ mediatica é maior. É impossivel negar estae facto e qualquer pessoa que entenda, ou queira entender a lógica deste mundo das Ondas fácilmente percebe que quanto maior for a exposição visual (o que não é exactamente o caso desta Onda) e principalmente mediatica de uma Onda maior será o número de interessados em surfá-la e como consequencia maiores serão os atritos existente. É fácil entender que muitas pessoas juntas a competir pelo mesmo não acaba bem. Se se limitar uma das causa do problemas minimiza-se o próprio problema. É esta a(infeliz) realidade.
Para terminar, continuo na dúvida (que é cada vez mais uma certeza) que tinha no teu post anterior (sobre o abate dos secrets) e que se baseia em não entender se a tua indignação é contra o conteúdo das tais regras de conduta ou se provém do simples facto de ter sido redigida pelos praticantes de outra modalidade aquática. Mais uma vez fico na dúvida se terias escrito da mesma forma este texto caso fosse a Vert a públicá-lo e estivesse relacionado com alguma comunidade de BBers conflituosa que exista por ai.
Algumas certezas e algumas dúvidas deixo eu aqui.
Esqueci-me de referir que este homem do mar (o do comentário acima) faz BB à 20 anos e não padece de qualquer sentimento de inferioridade pelo facto.
Na verdade este homem do mar preocupa-se mais com as Ondas do que com com o veículo com que surfa, apesar ter grande respeito pelos veículos que utiliza para surfar, os quais são entendidos como um extensão de si mesmo.
Amigo homem do mar, não tenho quotas estabelecidas para critica de nenhum desporto em especial embora como pessoa assuma que nenhum homem é imparcial, nem é essa a minha luta. Talvez seja mais fácil assumir o espírito crítico quando se está mais distanciado, o que não invalida a critica em si antes pelo contrário. A auto critica é cada vez mais rara neste mundo de sabichões.
hugo
Regra número 1) respeito
Regra número 2) educação
Regra número 3) civismo
No mar ou em terra, há coisas (que deveriam ser)universais. Tudo o resto é folclore bacoco, atávico e reaccionário, condenado ao ridículo e à extinção.
Posto isto, percebo com os motivos do homem do mar, mas discordo na forma e conteúdo da sua tese.
Porque carga de água é que, por exemplo, os fotógrafos profissionais haveriam de receber "ordem de expulsão"?
Alguém é dono do mar? Tenham juízo.
Os desportos de ondas estão em expansão, há cada vez mais gente na água. São factos inegáveis e incontornáveis. As regras fazem sentido para regular a actividade de quem usufrui do mar, mas sem exageros.
Quanato ao localismo, é simplesmente ridículo, tiques tribais mais próprios da pré-história. Viajar e descobrir novas ondas faz parte da mística de surfar. Há cada vez menos ondas para descobrir mas elas estão lá. E quando todos os recantos e ondas tivere sido descobertas, bem...as tais regras são para cumprir.
Haja respeito e educação, o resto vem por arrasto.
muito bem dito mr charles
Há ainda quem pense que ter soul é barrar o caminho dos outros ás ondas. Que é ter um pico "secreto" só para si a todos os custos. Que é surfar sozinho ou diabolizar as revistas. Não tem nada a ver com isto. soul é partilha, descoberta, mas principalmente paz interior. Eu só vejo revolta e cobiça neste homem do mar.
Por muito que custe tenho que dar toda a razão a este Homem do Mar. É facil criticar, mais dificil é apresentar alguma solução (ou soluções) que permita de alguma forma solucionar, minimizar ou atrasar os efeitos da mediatização excessiva que já se sente actualmente. Quanto menos aparecer uma praia numa revista maior são as possibilidades de ter um ambiente calmo e saudavel. Kirra tem 3 picos e li que chega a ter 300 pessoas em cada pico. 900 pessoas na agua a disputar ondas não pode dar bom resultado. Para que "solução" não seja tudo á mocada para afastar os forasteiros como no havai e na california é necessário pensar em soluções para este Portugal enquanto ainda há ponta por onde possa pegar. Caso contrario fica apenas o queixume de que nada serve.
bom dia Carlos M.
Não estou a ver o que é que ter os coxos ou kirra em exclusivo para meia duzia de pessoas beneficiaria a humanidade. Ter sítios lotados não quer dizer que outros locais ficam mais vazios?
hugo
Cada vez que ouço pensar em localismos e possessão de uma e qualquer praia não consigo deixar de rir.
Não é que ache que os locais, podia chamar-lhes nativos, tem menos direitos que os restantes. Só não consigo é perceber os argumentos (racionais, porque os outros nem valem a pena tentar perceber) que usam para justificar a suas pretensões de prioridade, e direitos que na nossa sociedade não vêm contemplados em lado algum.
Podemos ver o caso pelo absurdo. O estacionamento em frente à porta de entrada da casa de cada um, é também sagrado e não pode ser fotografado ou ocupado por outsiders, e quem o fizer, recebe ordem de expulsão?
Convínhamos que se são locais, conhecem não só a maré local, como os picos e todos os segredos e truques que a "sua" praia tem. Não estão já desse modo em vantagem e em condições de tirar um maior e melhor partido da "sua" praia?
Caros amigos do mar e adoradores de ondas, somos todos locais e todos somos outsiders, excepto quem não faz... esses são simples by-standers.
Abraços,
B.
Não o teria dito melhor. Locais são os peixes. Estamos todos de passagem e o mar é um presente que tomamos emprestado. Tudo o resto é ridículo.
Hugo
Não consigo entender essa ordem de ideias, nem acredito na conversa que há sempre um sitio sem ninguém a minha espera. Com determinadas ondulações e ventos existe apenas uma zona em redor de 200 km (ou mais) á volta da capital em que apenas uma linha de litoral apresentada condições de qualidade de ondas. Dentro deste contexto e alargando o mau estado do mar essa zona de litoral fica reduzida a um ou dois picos de qualidade. Este é um caso extremo, mas não invulgar no Inverno. Quem disser que gosta, que não stressa e que não se importa com a elevada concentração de pessoas por m2 ou é mentiroso ou não gosta de surfar. Simplesmente começa a haver pessoas a mais na água.
Olá Carlos, não gosto, como toda a gente, de surfar num pico com demasiado crowd, mas não me sinto iluminado o suficiente para dizer que são os "outros" que estão a mais.
Apenas para terminar:
Se até os tolerantes monges tibetanos se revoltam, penso que também eu tenho direito a minha indignação
Quanto à cobiça, uma rápida leitura a um qualquer dicionário permitirá perceber que essa não é uma das minhas "virtudes".
É sempre fácil atacar pessoalmente alguém perante a falta de argumentos.
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