Confesso que sou um nostálgico das ondas e da geografia das ondas. Quando chego a algum lado que foi modificado pela mão do homem guardo sempre alguns minutos a imaginar como seria a disposição natural das coisas ante factum. Por isso é que estas fotos da Figueira da Foz são-me tão interessantes. Para quem conhece minimamente a terra sabe da mudança extrema que ocorreu ali naquela desembocadura que um dia albergou uma singela figueira que lhe deu nome. Existem lugares que depois de intervêncionados perdem completamente a sua face original, mas independentemente de para melhor ou para pior, sou um verdadeiro apaixonado pela paisagem esculpida apenas pela natureza. Nestas fotos vemos que o forte foi construído sobre um enrocamento rochoso que existe no que é a antiga foz do mondego, que antigamente existia um banco de areia que entrava para dentro do rio, que certamente garantia longas direitas na maré cheia, que já existia a célebre direita do cabedelo mas com outros contornos e muito mais longa, e uma esquerda resultante da acumulação de areias na boca do rio e que ali algures para buarcos existia uma direita que agora se encontra tapada pela areia. Quem tiver outras que partilhe!
(todas as fotos do site http://www.antoniocruz.net)
3 comentários:
Caro Hugo
este é um assunto que me interessa muito, sou defensor de uma teoria em que os spots ditos secret estão sempre à mercê da ganancia dos autarcas, quer seja para construir uma marina ou um passeio maritimo ou o que valha. nós temos a mania dos localismos e de esconder os spots do mundo, mas se esse determinado sítio não for visto pelos políticos como uma mais valia economica ou eleitoral eles imediatamente destroem a coisa, vivo numa ilha onde já vi isso acontecer algumas vezes, e não houve conversa de surfista que impedisse a construção de um porto de pesca ou de uma piscina ou de um heliporto, já agora aqui fica um link para um clip da melhor geração de bodyboarders micaelenses, com uma ondas num spot que deixou de funcionar por causa de um porto de pesca, Rabo de Peixe, http://www.youtube.com/watch?v=IpAsL3dX_uU , é a geração Ricardo Moura, Miquili, Serginho...
aloha
pensava que ainda funcionava, ainda que parcialmente. Numa ilha imagino que um acontecimento desses deva marcar mais do que aqui, onde ainda temos uma ligeira ilusão de infinitude da costa.
o ricardo moura era (é?) um fenómeno
o Moura é, sem dúvida, um fenómeno e continuará a ser, tanto nas ondas, como na sua nova paixão, os rallyes, mas os outros do grupo dele também o são, nomeadamente o Miguili e o Serginho
quanto a Rabo de Peixe, a onda a seério, do meio da baia, foi totalmente obliterada, o que hoje funciona é a esquerda junto ao calhau do lado oeste da baia, que apesar de ser uma onda (principalmente para uns drops de drop knee...) não e nada comparada com o bowl de antigamente..
abraço
Enviar um comentário